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domingo, 6 de julho de 2014

Ainda há muitos condutores desprotegidos nas estradas portuguesas

O mercado de seguros ainda não conseguiu levar a bom porto a intenção de reforçar a proteção do condutor, em caso de sinistro automóvel. A legislação em vigor deixa os condutores responsáveis pelos sinistros desprotegidos no âmbito do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.



São alguns euros a mais no prémio de seguro automóvel, mas, em caso de acidente com culpa, são precisamente esses euros que marcam a diferença entre ficar completamente desprotegido ou benificiar do pagamento de uma indemnização por danos sofridos no ambito do sinistro. E quem anda na estrada sabe que não é assim tão improvável que se possa vir a ser responsável por um acidente automóvel. Os imprevistos acontecem até aos condutores mais atentos e a legislação nacional em vigor não inclui o condutor responsável por um sinistro na cobertura de seguro de responsabilidade civil obrigatória para todos os automóveis. Os condutores acabam por ser, afinal, os passageiros mais desprotegidos na estrada e são eles, tantas vezes, os únicos passageiros das viaturas que circulam nos estradas portuguesas.

Adicionar uma cobertura específica para a proteção do condutor é possível na generalidade das apólices de seguro automóvel  comercializadas em Portugal e até já muitos segurados o fazem. Mas tal não é obrigatório e também não está incluído na tradicional cobertura de ocupantes que, essa sim, protege os passageiros transportados na viatura, deixando de fora a pessoa que os conduz.

Não será dificil imaginar que muitos segurados pensam ter o condutor protegido no âmbito da sua apólice de seguro automóvel, quando na realidade não está. O termo "ocupantes" poderá assumir grande parte da culpa deste facto, já que não serão poucos os consumidores a acreditar que este termo inclui todas as pessoas que viajam na viatura e não apenas as pessoas transportadas pelo condutor, como actualmente acontece. Mas também aqui o mercado estará a beneficiar, por estes dias, da crescente profissionalização da mediação de seguros, capaz de exercer um papel mais activo, esclarecedor e sensibilizador no cliente quanto a esta e outras questões relacionadas com o seguro automóvel.

O fator económico também não ficará arredado desta análise, sendo já sobejamente conhecido o fenómeno da restrição das coberturas da apólice de seguro automóvel às imposições legais. Um fenómeno que naturalmente se acentuou com a agudização do contexto de crise em Portugal e que leva hoje muitos segurados a disporem apenas das coberturas legalmente obrigatórias de responsabilidade civil perante terceiros.

Mas a crise acentua também o sentimento de preocupação dos segurados, revela Claúdia Taborda, da direção de Design e Gestão de Produtos Particulares da Liberty. "Com a crise os portugueses ficam ainda mais preocupados com a sua proteção. E reforçar a proteção do condutor é possível através da cobertura de acidentes pessoais só para condutor, que garante uma indemnização em caso de morte ou em caso de incapacidade e ainda o pagamento de despesas de tratamento ou de funeral", explica a responsável da Liberty, companhia onde quase toda a carteira automóvel dispõe da cobertura de acidentes pessoais para o condutor e esse rácio tem-se mantido constante nos últimos anos.

A consciencialização da necessidade de proteção consumidor chega também cada vez mais aos consumidores que procuram, por si próprios, uma apólice de seguros. José Pedro Inácio, diretor-geral da operadora direta Logo, revela ao OJE que mais de 90% dos clientes de seguro automóvel dispõe da cobertura de proteção opcional do condutor. E José Pedro Inácio acrescenta mesmo que "até em períodos de crise as pessoas sempre valorizaram muito a proteção do condutor".

A inclusão de uma cobertura de acidentes pessoais para o condutor representa uma subida do prémio anual de seguro que varia de acordo com os capitais escolhidos, mas Claúdia Taborda, da Liberty, garante ao OJE que esse acréscimo "não é determinante para a sua inclusão pelos consumidores".

Não sendo, então, por uma questão de preço, a decisão de proteger ou não o condutor do veículo seguro dependerá, então, em larga medida, da maior ou menor sensibilização do tomador do seguro para a questão. E para as consequências desta decisão, em caso de sinistro.

texto de 20/02/2014, retirado do jornal OJE

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